sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A noite de Natal

Era uma vez uma menina chamada Joana. Essa menina não tinha muitos amigos, mas um dia encontrou um. O Manuel era muito pobre e vivia numa cabana por esmola.

Quando chegou à noite de Natal, a Joana perguntou à cozinheira Gertrudes se o Manuel recebia presentes. A Gertrudes disse que não e a Joana ficou um pouco triste.

Enquanto a família foi à missa-do-Galo, a Joana decidiu ir ao pinhal dar alguns dos presentes que tinha recebido ao amigo.

Ela ia a seguir uma estrela, e pelo caminho encontrou o rei Melchior que também seguia a estrela. Depois encontraram o Gaspar e a seguir o Baltazar.

A Joana pensava que a cabana era escura e triste, mas muito pelo contrário. Estava toda iluminada e alegre. Os anjos iluminavam tudo e o Manuel dormia aconchegado nas palhinhas. Então Joana pensou que aquilo se parecia com o presépio, pois também lá estavam o burro e a vaca.

Joana ajoelhou-se e pousou os presentes para o seu amigo.


Autor: Sophia de Mello Breyner Andressen

Título da obra: A noite de Natal

Editora: Fugueirinhas

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O Cavaleiro da Dinamarca


Era uma vez um cavaleiro que vivia na Dinamarca. Todos os anos, ele festejava o Natal com a família, amigos, parentes, criados da casa e servos da floresta.

Mas certo Natal, o Cavaleiro, depois de terem terminado a ceia, disse à família, aos amigos e aos criados que dali a um ano não estaria com eles. Ele iria partir em peregrinação à Terra Santa e iria passar o próximo Natal na gruta onde tinha nascido o menino Jesus.

No Natal seguinte ele já tinha chegado a Belém. Depois de viajar por muitos sítios, partiu para a Dinamarca. Quando chegou à aldeia dos caçadores, disse que ia para casa mas eles disseram que era perigoso. Mesmo assim, o cavaleiro continuou para não quebrar a promessa que tinha feito. Mas entretanto perdeu-se.

Ele continuou até que viu uma luz pequenina e então decidiu caminhar na sua direcção. Ele pensava que era alguém que também estava perdido. Mas quando chegou ao pé da luz viu que não era nenhuma fogueira. Era uma grande árvore, coberta de estrelas que os anjos tinham posto para guiar o cavaleiro.


Autor: Sophia de Mello Breyner Andressen
Título da obra: O Cavaleiro da Dinamarca
Editora: Figueirinhas

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pedro Malasartes


Era uma vez um menino chamado Pedro Malasartes. Ele tinha este nome porque estava sempre a fazer disparates. Qualquer recado que a mãe o mandasse fazer, vinha sempre um disparate a caminho. Por exemplo: a mãe trazer para casa um pano comprido de linho e dizer que servia para tapar os seus buraquinhos e, o Pedro Malasartes, enquanto a mãe tinha saído, começar a cortar o pano e tapar os buracos da casa.

No dia seguinte, a mãe mandou-o ir à feira, comprar um porco e trazê-lo para casa com cuidado e a mãe encontrá-lo a meio caminho de casa com o porco às costas.

Alguns dias mais tarde, a pobre senhora mandou o filho ir comprar um vaso e ele trouxe o vaso amarrado a um cordel, tal como a mãe o tinha ensinado a trazer um porco.

No dia seguinte, a mãe queria pregar um botão e mandou o Pedro ir a uma loja comprar agulhas. Quando Pedro ia a caminho de casa, viu um carro com palha que ia para perto da casa dele. Pediu-lhe boleia, e enfiou as agulhas dentro da palha, tal como a mãe o tinha ensinado a fazer com um vaso.

A mãe, já com medo de o mandar fazer recados, um dia, mandou-o ir lavar tripas que ela tinha comprado para guisar. A mãe disse a Pedro que ele só voltasse quando tivesse a certeza que as tripas estavam bem lavadas, mas como Pedro Malasartes não sabia ver se as tripas estavam bem lavadas a mãe disse-lhe que perguntasse a alguém que fosse a passar. Como Pedro não via ninguém lavou as tripas muitas vezes. Até que passou um barco e Pedro chamou-o para perguntar se as tripas estavam bem lavadas. O dono do barco, pensando que o Pedro queria boleia parou o barco e ficou furioso quando viu que o Pedro só queria que eles vissem se as tripas estavam bem lavadas. Então, os passageiros saltaram para terra, deram-lhe pancada e disseram para Pedro dizer que soprasse muito vento.

O Pedro foi-se embora e encontrou ceifeiros e começou a dizer que o que era preciso era que soprasse muito vento. Os ceifeiros ficaram furiosos, bateram-lhe e disseram que o que era preciso era que não caísse nenhum.

O Pedro foi-se embora e passou por um campo onde estavam homens com uma rede para apanhar pássaros. O Pedro passou e disse que o que era preciso era que não caísse nenhum. Os homens ficaram furiosos, bateram-lhe e berraram que o que era preciso era que houvesse muito sangue.

O Pedro Malasartes foi-se embora e viu dois homens a lutar e começou a gritar dizendo que houvesse muito sangue. Os homens ficaram furiosos, bateram-lhe e disseram que o que era preciso era que Deus os desapertasse.

Depois, ele ia a passar e viu um cortejo com um casal acabado de se casar. O rapaz começou a gritar que deus os desapertasse. Os convidados ficaram furiosos e disseram para ele dizer daqueles cada dia um.

Pedro Malasartes continuou o seu caminho e encontrou um funeral de um homem muito estimado naquela terra e então o Pedro começou a gritar que daqueles cada dia um. As pessoas ficaram furiosas, bateram-lhe e disseram que Nosso Senhor o levasse direitinho para o céu.

Ele continuou a caminhar e viu muitas pessoas que iam para a Igreja baptizar um menino. Então gritou que Deus o levasse direitinho para o céu. Os padrinhos ficaram furiosos e foram ter com o Pedro para lhe baterem, mas o Pedro desatou a correr.

Se o Pedro Malasartes não tivesse chegado a casa ainda naquele dia, teria andado a levar tareia do mundo inteiro.



Autor: António Mota

Título do Livro: Pedro Malasastes

Editora: Gailivro